domingo, 9 de abril de 2023


Já fazia uma semana desde o encontro com o Campeão.


Acho que nunca vi a vila em um clima tão eufórico e cheio de agitação desde muito tempo. O ar estava carregado de energia e mesmo dentro de casa, era possível ouvir música tocando de todos os lados, com uma empolgação borbulhando em cada esquina.

 


CAPÍTULO V
A DECISÃO TOMADA


Era um dia especial, afinal. 


O tão fatídico dia que todos ansiavam por testemunhar, o início de jornada de Hop Kingstone. 


Desde a gloriosa vitória de Leon como campeão, um novo fôlego foi injetado na cidade. Turistas começaram a chegar em massa para explorar as atrações locais e conhecer os locais onde Leon passou a sua infância. Sua antiga casa virou um museu e eles se mudaram não muito distante. 


As crianças da vila começaram a sonhar em seguir os passos de Leon e conquistar a fama e o sucesso que o acompanhavam. E então uma festa de celebração para os novos talentos se tornaram mais comuns, com fogos de artifício iluminando o céu e as ruas transbordando de alegria.


Entretanto, nem todos os sonhos se concretizam.


Mesmo com todo o incentivo e apoio da comunidade, vários jovens acabaram por desistir da carreira e aqueles que persistiam não passavam sequer do terceiro ginásio. A pressão do cenário competitivo se mostrou avassaladora, sufocando a paixão e os impedindo de encontrar a felicidade no esporte. 


A desistência de muitos fez com que a procura pela carreira diminuísse bastante e vários voltassem a procurar outras carreiras de trabalho. Porém, a cidade não perdeu a esperança por novos campeões e toda essa expectativa caiu sobre os ombros do irmão mais novo. 


Então imagine como seria a festa.


Todos os amigos, familiares e professores do jovem prodígio estavam convocados para comparecer e desejar a ele toda a sorte do mundo. Eu também tinha sido convidada, é claro. Mas, apesar de sentir a vontade de estar presente, algo me impedia de seguir em frente.


Eu não conseguia parar de pensar em sua coragem em seguir seus sonhos. Mas, ao mesmo tempo, sentia uma mistura de emoções conflitantes


Sentia raiva, talvez até mesmo um pouco de inveja. Por que era tão fácil para ele seguir em frente, enquanto eu me sentia paralisada diante de uma escolha tão importante? Por que ele parecia tão confiante, enquanto eu mal conseguia encontrar coragem para dar o primeiro passo?


As coisas nunca foram assim, quem me conhece sabe que sou confiante.


Eu sabia que esses sentimentos não eram justos, que Hop não tinha culpa de minhas próprias inseguranças. Mesmo assim, não conseguia afastá-los completamente. Olhando pela janela de casa, observei a multidão se reunindo do lado de fora. A festa estava começando e duraria até o meio da tarde onde ele partiria rumo a rota um, sozinho. 


⚔️🛡


O recreio sempre foi o momento mais aguardado para qualquer criança em uma escola, para contar fofocas, namorar, comer, se divertir ou estudar para a prova próxima seguinte. Aquilo era um alívio de poucos minutos trazendo a falsa promessa de liberdade para nossas pequenas cabeças.


Porém para mim, às vezes, mais parecia um inferno.


As minhas horas de almoço eram preenchidas com solidão. Eu costumava me esconder no canto mais distante da cantina, olhando para o resto dos alunos que riam e brincavam, sentindo-me completamente desconectada de tudo aquilo usando o meu celular flip.


Eu não conseguia evitar me sentir excluída, como se não pertencesse a lugar algum.


Não era fácil fazer amigas, apesar de não ser por falta de tentativa.


 Uma garota me disse uma vez que era por causa da minha personalidade forte, mas eu não acreditava muito nisso. Eu era apenas eu mesma, e se isso incomodava as outras pessoas, então paciência.


O problema era que, mesmo quando eu conseguia fazer amigas, nunca parecia ser a pessoa mais importante para elas. Elas sempre tinham outras amigas, outras pessoas com quem preferiam passar o tempo. Eu não entendia o que eu estava fazendo de errado, por que eu nunca parecia ser o suficiente.


Por que elas eram tão interessantes, tão divertidas, enquanto eu era só eu mesma? 


Hop apareceu do fundão, cercado por um grupo de amigos animados. Meu coração acelerou quando o vi, e eu não pude evitar desviar o olhar para não ser vista.


Mas era impossível não o notar, ele era o centro das atenções, o garoto mais popular da escola. Todos queriam conversar, tocar, estar perto dele. Algumas chegaram a me empurrar correndo para chegar mais perto do Kingstone. 


As garotas se aproximavam, rindo e conversando animadamente, trocando beijos e abraços. Os garotos davam tapinhas em suas costas e cumprimentavam-no com comprimentos longos e complexos. Ele parecia tão à vontade naquele ambiente, como se fosse o dono do lugar.


Nossos olhares se encontraram por acaso e, por um instante, o mundo ao meu redor pareceu desaparecer. Ele estava do outro lado da sala, sorrindo para mim com aquele sorriso cativante. Eu sabia que ele estava vindo falar comigo e senti meu estômago revirar de ansiedade. Precisava me apressar.


Desviei o olhar rapidamente, fingindo estar ocupada arrumando minhas coisas. Peguei o prato ainda cheio e tentei colocá-lo de volta na bancada com as mãos trêmulas. Ainda assim, não consegui evitar de sentir sua presença se aproximando.


De repente, senti uma mão pousar em cima da minha cabeça e me girar. Era Hop, consideravelmente mais alto do que eu. Ele sorriu novamente, mostrando seus dentes brancos e perfeitos:


— Você estava fugindo de mim? – ele perguntou.

— Eu? Claro que não. - tentei mentir, sem jeito. Ele sabia que eu era péssima a mentir, já que não conseguia manter contato visual por mais de mais dez segundos. – Estava indo pra biblioteca.


— Uau... – ele disse rindo, se sentando na cadeira. – Minha melhor amiga está fugindo de mim. Vamos, senta aqui comigo.


Sem muitas opções, voltei a sentar e encarei o prato diante de mim. Eu estava nervosa e animada ao mesmo tempo, já fazia algum tempo que não falava com ele. Ficamos parados em silêncio, apenas ele comendo no seu prato de comida, enquanto eu lutava para encontrar as palavras certas.


Ele quebrou o gelo com uma notícia que me pegou desprevenida:


— Sabe, Gloria.  – começou. – Decidi que vou ser treinador professional como meu irmão.


As palavras dele me atingiram como uma flecha em cheio no coração. Minha mente se encheu de incredulidade e descrença. Não pude segurar a alta gargalhada, não acreditando no que ele disse.

Era uma das melhores piadas que Hop já havia contado em toda a sua vida. Ele gostava muito de ver o seu irmão competir, era verdade, mas o suficiente para querer entrar no mesmo rumo? 


Eu podia sentir o gosto salgado das lágrimas que começaram a escorrer pelo meu rosto, mas parei de rir assim que reparei que ele não estava brincando. 


Seu rosto sério me fitava, e eu então percebi que ele estava falando sério. 


— Qual é a graça? – ele perguntou ofendido. 

— Eu não tava a espera. – confessei. – Você nunca mostrou querer ser treinador antes, pensei que fosse mais biologia.


Ele parou alguns segundos em silêncio e voltou atenção no prato de comida.


— Mais ou menos. – ele falou um pouco hostil, roubando uma batata do meu prato. – A galera tem razão, sabe? Eu sou bom nisso. Posso ser o próximo campeão, tal igual o Lee. Não, se calhar melhor!


Eu o encarei com um olhar crítico, sem conseguir formular uma resposta. Hop parecia um pouco ameaçado, e começou a gaguejar. 


— Quer dizer, você sabe que tenho minhas dificuldades aqui e ali, mas com esforço e dedicação eu posso chegar lá. – ele tentou sorrir. – Além do mais a gente pode seguir em jornada juntos.

— Se você está querendo ser um treinador, isso faz de você meu rival.

— Que diferença faz? –  ele questionou, se levantando com o prato já vazio na mão. – No final eu serei o campeão, princesa. Pode escrever.


Eu respirei fundo e o encarei com determinação:


—  É isso que vamos ver.


⚔️🛡


Dei alguns passos pelo alto gramado da rota, sentindo a grama úmida e fresca sobre minhas pernas. O sol daquela tarde brilhava intenso, afastando o mau tempo do outono que estava por chegar. 


Eu fazia aquele caminho várias e várias vezes da escola para casa, mas nunca havia reparado em como aquela era considerada a primeira rota de viagem. Enquanto caminhava em círculos, sentia um misto de sentimentos borbulhando dentro de mim.


Ouvi passos distantes, eu sabia que era Hop vindo junto de seu Pokémon. Sabia do fim da festa depois do som de artifícios e do seu nome ser ecoado por toda a vila e que o acompanhariam até o final da vila.


Era ele que eu queria ver naquele momento. 


Quando ele finalmente surgiu na minha frente, seu rosto supresso se iluminou com um sorriso.


Sua ovelha ao seu lado caminhava aos pulos, com um pelo grande e muito fofo.


— Gloria. – ele deixou escapar, um som audível. 

— Você realmente achou que não me despediria do meu melhor amigo? – falei, com uma pitada de sarcasmo na voz.


Demos juntos alguns passos pela então rota. 


O caminho com grama alta deu espaço para uma estrada de terra abatida, alinhada em um muro pequeno e alguns materiais de agricultura, como um carrinho de mão já abandonado com algumas flores à sua volta. O sol brilhava forte, aquecendo minha pele e trazendo consigo o aroma doce das flores. O vento soprou suavemente, balançando as folhas das árvores próximas e espalhando pétalas no chão.



Depois de alguns minutos caminhando, paramos a meio do caminho e nos sentamos em cima do muro. Observamos a passagem do outro lado, admirando os campos enormes verdes e os rebanhos de Wooloos que passeavam pelo local. Um pequeno, mas fofo Yamper as ordenava por onde passar, movimentando-se com agilidade e energia.


Olhei para Hop, que no momento parecia estar feliz. 


Eu queria sentir a grama macia sob meus pés, o sol quente em meu rosto, o cheiro das flores e o vento agradável. A natureza viva pulsando em meu redor e ser parte dela. Porém, mesmo que eu quisesse, sabia que o tempo era curto e que logo teríamos que partir e eu voltar para casa. 


— Então você realmente vai acabar os seus dias naquela prisão? – Hop quebrou o silêncio. 

— Você já sabe a minha resposta, Hop. 


Eu não poderia mais suportar a ideia de viver em Postwick pelo resto da minha vida, seria de loucos e essa não era a questão. Ver minha mãe presa em sua rotina, sem esperança de sair dessa cidadezinha tediosa, me dava calafrios. Eu sabia que precisava de algo mais, algo que me fizesse sentir viva. 


Por um lado, eu queria dar um passo maior que a perna e perseguir meus sonhos. Por outro, eu tinha medo de fracassar e ficar presa em uma situação ainda pior do que a que eu estava agora. 

Eu sabia que a primeira divisão estava além das minhas habilidades e que talvez segunda divisão era o caminho apropriado para mim.


Eu acreditava, não só para mim, mas também para Hop.


 Ele era meu amigo e, embora eu soubesse que ele também estava tomando um passo maior que a perna, eu não podia julgá-lo, aquilo era uma oportunidade de ouro, mas ele poderia se arrepender muito no futuro igual a vários outros casos de treinadores.


 Eu sabia que, ele também tinha medo do desconhecido e de falhar. 


— Sério, Glória, tô chocado que você tá demorando tanto pra decidir. Tipo, não é o seu estilo, nunca foi. Você nunca teve medo de nada nem de ninguém, sempre foi corajosa demais. Eu achei que você ia aceitar a proposta do meu irmão na hora, tipo, sem nem pensar duas vezes.


— Então talvez você não me conheça bem o suficiente.  – respondi 


— Eu entendo, mas pense nisso: você treinou a sua vida inteira para isso, Glória. É o seu sonho e o do seu pai, não deixe que o medo te impeça de realizá-lo. Você é forte, corajosa e capaz, tenho certeza de que vai arrasar. Confie em si mesma, você consegue.


— Não traga o meu pai para a conversa, Hop. – avisei, olhando diretamente nos seus olhos.


Hop sabia que aquele era um assunto delicado para mim, algo que eu preferia evitar a todo custo, pois sempre despertava uma mistura de raiva e dor em meu peito. Então por que ele insistia em tocar na ferida? Aquilo me deixava furiosa.


Eu precisava me controlar, não descontar toda a minha frustração em Hop. Respira, Gloria, respira. 


— Mano, eu saco que você quer seguir um rolê mais orgânico que seu velho. – ele colocou a sua mão sobre o meu e eu me afastei. – Seu coroa pisou na bola, mas cê não vai dar mole como ele, Gloria. Não é justo jogar tudo pro alto por causa do medo.


— Para você é fácil! Você nunca vai entender a dor que ele nos causou por causa dessa decisão idiota!  - não consegui conter a raiva. – Eu acompanhava os jogos dele, sabia? Não me importava se ele perdesse todas, porque no final ele ainda era o meu pai, ele nos ligava e dizia que tudo ia dar certo, que ele ia vencer a próxima partida, vencer a liga e voltar pra casa. Até perceber que ele não passava sequer do segundo ginásio.


Hop permaneceu em silêncio:


— Ele simplesmente sumiu! As ligações foram diminuindo até que ele sumiu completamente, envergonhado! E a minha mãe, Hop... Ela ficou arrasada por meses! Como ela ia explicar pra uma criança que o pai dela é um covarde? É uma sacanagem o que ele fez com a gente. Ele não tem ideia do quanto machucou a todos nós, principalmente a minha mãe. Ela não merecia passar por isso!


Minha voz se embargou enquanto as lágrimas ameaçavam escapar e eu desabei no chão. Era como se Hop tivesse aberto uma ferida que não tinha cicatrizado, algumas lagrimas tocaram o chão.


O Wooloo dele se aproximou carinhosamente, lambendo minhas lágrimas com doçura e emitindo um balido fofo, como se quisesse me consolar. Olhei para Hop e ele apenas acenou com a cabeça, como se dissesse "vai em frente". Abracei o Pokémon macio e quente, sentindo seu amoroso afago me acalmar e me dar coragem para seguir em frente.


— Eu sei que é difícil, Glória, mas não deixe que o medo que seu pai te causou te impeça de seguir seus sonhos.  –  ele me ajudou a me levantar.  –  Você não é ele, você é forte, corajosa e capaz. Seu talento é real, muito maior que o meu e tem o potencial de alcançar grandes coisas. 


Ele tinha razão.


 Mais lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto eu sentia uma enorme vontade de pedir desculpas a Hop. 


Eu o julguei mal, pensei que ele estivesse contra mim no final do torneio, que tivesse mentido sobre a visita do Leon. Eu não conseguia acreditar como fui tão injusta com ele, quando na verdade ele merecia ser um treinador professional muito mais do que eu.


— Não chore, minha amiga.


Ele sorriu para mim, enxugando minhas lágrimas com as mãos, antes de começar a se afastar lentamente. Já estava escurecendo e ele precisava ir embora. Wooloo deixou-me para correr ao lado de seu dono.


— Não importa qual seja a sua decisão, eu sempre vou te apoiar. - ele me assegurou. – Eu conheço você melhor do que ninguém, então, até logo?


Assenti com a cabeça, vendo-o virar-se e começar a caminhar em direção à cidade, me deixando para trás. Levantei a mão para o alto, acenando enquanto me despedia dele.


⚔️🛡



Abri a porta de casa com um suspiro e olhei ao redor. A sala estava vazia, mas as chaves da minha mãe estavam sobre o balcão da cozinha. Ela estava em casa.


— Mãe, estou em casa! – anunciei, elevando a minha voz para que ela pudesse me ouvir.


Eu esperei, mas o silêncio pairou no ar, deixando a casa ainda mais vazia. Minha mãe não respondeu. Eu decidi conferir no quintal. 


Saí pela porta dos fundos e os raios de sol quente me acolheram junto do tom alaranjado, Olhei em volta e lá estava ela. Minha mãe estava ali, no meio do jardim, cercada por suas plantas e flores, regando-as com carinho junto de sua Rosalia e Munchlax. 


Observei-a por alguns instantes, admirando a beleza do cenário.  Ela realmente tinha um talento para aquilo, o tão famoso dedo verde. Nosso jardim era talvez o mais bonito do sul, com flores lindas e grandes, algumas exóticas que eu não me desafiaria a saber os nomes. 


Alguns Pokémon insetos pausavam em nosso jardim e se divirtam pela manhã, alimentados comum pequeno pote de comida e água que ela deixava no canto do jardim. 


Ela parecia tão em paz, tão conectada à natureza. Como se pudesse sentir cada pulsação da terra sob seus pés e cada brisa suave que passava por sua pele.


Eu me aproximei dela, com passos lentos, sem querer quebrar a magia do momento. Minha mãe não me viu chegando, então toquei em seu ombro, fazendo-a se virar um pouco supressa. 


— Ah, meu broto! Você chegou em casa. Como foi o seu dia? — ela perguntou, com um sorriso no rosto.


— Foi bom, mãe. Eu consegui falar com o Hop.

— Conseguiu? Oh que boom.. –  Ela puxou minhas bochechas com uma das mãos e me deu um beijo na testa. – Não conseguiria imaginar você não se despedir dele. São migos a tanto tempo!! Devia ter visto a cara dele quando não viu você na festa. Acompanhou ele? Ele foi bem? 


Eu sorri, mas por dentro, sabia que não era isso que eu queria falar com ela. Eu tinha um certo medo da reação dela. Medo de como ela ia lidar com a notícia. Havia tomado a minha decisão.


— Na verdade, mãe. Mas eu só quero ficar com você um pouco. Podemos conversar? — perguntei, tentando esconder a minha ansiedade.


Ela percebeu o meu nervosismo e seus olhos se encheram de preocupação. Ela parou um momento de regar as plantas.


— Claro, meu amor. O que está acontecendo? — ela perguntou, com uma serenidade que me acalmou.


A Rosalia do seu lado a tentou puxar, apesar de ser uma tarefa difícil devido a suas rosas bicolores. Ela chamou a sua atenção e pediu para a minha mãe a regasse, não conseguimos conter o riso ao ver a pequena Pokémon, parecendo uma princesa pronta a ser cuidada. Não pudemos conter o riso ao ver a cena.


— Tenho certeza de que o tipo Grass que você terá no seu time não será tão elegante quanto a minha.  – ela riu.

— Se depender de mim, nem tipo Grass eu tenho. 

— Uau. – minha mãe fingiu estar ofendida. – O motivo disso?

— Eles não ofensivos e tem muitas fraquezas, mãe. – completei, segurando o regador e regando a Pokémon, ajudando-a. - Não vale a pena. 

— Aí que se engana, garotinha. -  ela tocou na ponta do meu nariz, enquanto caminhamos para dentro. – Com a estratégia certa tudo é capaz.


Ficamos observando a cena da Rosalia molhada correndo atrás da cria de Snorlax, assustada e com medo de ser molhado. Era engraçado ver aquela cena cômica, os dois já eram parte da família a muito tempo. 


— Eu sei que você quer seguir sua jornada, filha. – minha mãe disparou.

— Sabe? –  Fui pega de supressa, do nada. Meu Arceus, como? Me vi arqueando a sobrancelha. O olhar dela posou sobre o meu.  – Como sabe? Quem te contou? 

— Eu te conheço, filha. -  ela sorriu ao notar a minha expressão confusa - Tá, sendo sincera eu perguntei ao Hop. Eu tinha meio que uma ideia, desde a semana passada e como você não estava agindo normal e isso em preocupou. 

— Me desculpa por lhe deixar preocupada, mãe  é só que... é só que – tentei não chorar mais uma vez, não agora. 


Ela me abraçou com força.


— Não se preocupe comigo, minha querida. - Ela acariciou meu rosto com ternura e um sorriso sincero nos lábios. - Você sabe que sempre te apoiei em tudo, mesmo depois dos problemas que tive com o seu pai. Eu sei o quanto você ama isso e jamais iria tirar esse sonho de você. Você tem todo o meu amor e apoio para seguir seus sonhos.

— Mãe..

— Querida, eu não quero que você tome uma decisão baseada nas más experiencia dos outros. Você é a única que sabe o que é melhor para si mesma. Se você decidir seguir esse caminho, estarei aqui para apoiá-la em todas as vitórias e derrotas, para ajudá-la a se levantar e continuar lutando. Você nunca estará sozinha.


E lá estava eu em lagrimas de novo, eu me sentia tão grata por ter pessoas tão incríveis ao meu lado, me apoiando e me dando suporte. Era difícil me ver merecedora de tanto amor e cuidado. Eu não iria lhe deixar mal, iria lhe dar todo o orgulho do mundo


— Agora vá, ligue para Leon. – ela concluindo sorrindo. 


Munchlax acabou por tropeçar e Rosalia veio logo atrás, caindo em sua enorme barriga, a cena foi cômica e nós as duas soltamos uma breve gargalhada. 


Estava decidida, nada me tiraria aquilo da cabeça.


Hop poderia me esperar, que eu o viria no dia de abertura e então, todo mundo viria eu me tornar a próxima campeã.


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  1. Eu já devo começar falando sobre a cena do almoço na escola, que conseguiu me dar uma ideia muito clara sobre a relação da Glória com o Hop. Não sei se é realmente a verdade, mas agora deu uma boa impressão de que a culpa deles terem se afastado é muito mais dela do que dele. Menina, o seu amigo te revela um sonho dele e tu dá uma cavalada dessa com ele? Me ajuda a te ajudar!

    Hop tá sendo mó gente boa nesse comecinho. Se em algum momento você der um surto e fizer ele virar um babaca, Welfie, eu juro que vou ficar devastado kkkkkkkkkkk Até aqui ele tem sido um personagem pra dar o contraponto perfeito à seriedade da Glória. Os dois são cativantes à sua própria maneira.

    Gostei dessa pinçada no passado da família da Glória também. Esse mistério envolvendo o pai dela, algo me diz que os dois vão se encontrar por aí em algum momento, e não descarto a possibilidade desse sumiço dele não ser simples covardia como elas pensam. Vou precisar ler mais sobre essa situação pra poder tirar minhas próprias conclusões. :v

    E o diálogo no final entre ela e a mãe foi no ponto certo! Muito maneiro que o encorajamento que ela precisava pra tomar a decisão de aceitar o convite do Leon veio justamente da mãe, que deve ter sido a que mais sofreu com toda a situação da família.

    Ótimo capítulo, champs! Até a próxima! õ/

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