domingo, 30 de abril de 2023

Já faz exatamente uma semana desde que Hop partiu em sua jornada.


Por que eu ainda estava aqui?


Se acha que iniciar uma jornada é simples, igual dos filmes ou séries, digo que é completamente ao contrário. É muito mais do que simplesmente pegar uma mochila e sair pela porta.


CAPÍTULO VI
UM POUCO ATRASADA


Foram horas de planejamento e preparação.


Passei dias procurando pelos recursos certo como lâmpadas, comida e roupas para usar durante as longas caminhadas que iria enfrentar. Minha mãe me ajudou em praticamente tudo e no momento até achava que tínhamos exagerado um pouco. 


Eu precisei entrar em contato com Leon para aceitar sua proposta. Eu sabia que não seria fácil, mas não tinha ideia de que seria tão difícil.


 Tentei ligar para ele várias vezes, mas o celular ficava ocupado ou simplesmente não atendia. Foram dois dias inteiros tentando sem sucesso.


Finalmente, quando consegui falar com alguém, não era Leon do outro lado da linha, mas sim uma secretária. Tive que explicar a ela que não era uma stalker do campeão, mas que conhecia Leon pessoalmente e que ele havia me indicado para começar minha jornada.


A secretária parecia desconfiada, mas depois de verificar minha história, acabou por fazer todo o processo sem a necessidade de chamar o campeão, o que foi uma pena pois queria falar com ele só mais uma vez. 


Tive que bloquear a minha matrícula da escola, quando contei o motivo o diretor se mostrou muito contente e me desejou toda a sorte do mundo.


Estava próxima da saída quando minha mãe veio as presas da cozinha com uma sanduiche envolta em alumínio e colocou dentro da minha mochila, entregou-me o seu forte casaco de lã acidentado e me deu um forte abraço apertado.


Eu não pude deixar de sorrir ao ver a expressão preocupada no rosto dela. 


Ela sempre se importava muito comigo e queria ter certeza de que eu estaria bem em minha jornada.


— Fiz a sua sanduiche favorita. Não se esqueça de comer direitinho e de me ligar pelo menos uma vez por semana, meu broto. -  ela disse com uma voz reconfortante. – Alimente-se no mínimo três por dia, meu broto. E beba sempre muita água durante a viagem para não ficar desidratada. Eu sei como você é esquecida quando se toca a beber água.  


 Ela beijou sem parar, me fazendo rir e logo em seguida apertou as minhas bochechas. – E por favor não fale com estranhos. Você sabe como são os predadores por aí, então tenha cuidado.


— Sim mãe... – só consegui dizer isso, se falasse algo a mais era capaz de chorar.


Ela me entregou também o seu perfume para as mãos.


— Se mantenha sempre cheirosa e banho sempre que poder.  – e voltou a retirar o perfume colocando dentro da mochila, colocando mais um peso.  – Com esse perfume vai atrair todas as plantas do mundo. 


Eu a abracei de volta, sentindo o calor do seu abraço e o cheiro do seu perfume familiar. Foi reconfortante saber que ela estava comigo. Me vi no reflexo dos seus olhos marejados, ela se segurava para não chorar, e bem... eu também.


— Me desculpe, mãe...

— Não precisa de desculpar filha. Esse sempre foi o seu sonho. Eu não estar sozinha, tenho as plantas e a Susan para me fazer sempre companhia.  – falou. – Eu estou muito orgulhosa de você sabia? Muito... Se se sentir perdida, você sabe o caminho para a casa, sempre estarei aqui lhe apoiando, não se esqueça disso... Ok?


Algumas lagrimas começaram a caíram do meu rosto, não soube como segurá-las por mais tempo. Ela limpou-as com a mão e em seguida, buscou mais uma e uma última vez um objeto, sendo agora uma boina esverdeada que ela mesmo fez, com uma bolinha fofa de algodão no topo.  



— Não é um adeus, princesa. É um até logo...  – colocou-me a boina no topo da cabeça. – Agora vá, mostre ao mundo do que é capaz.

— Até logo mãe...


E então, depois de mais um abraço, me dirigi a porta, sem olhar para trás e pronta para iniciar o meu fatídico sonho.


Eu sabia que ela estava me incentivando a seguir em frente, mas ainda assim me sentia triste por deixá-la para trás. Mais um abraço e eu estava pronta para sair pela porta.


Eu não olhei para trás enquanto caminhava para fora de casa, sabendo que seria mais difícil partir se olhasse para o rosto preocupado da minha mãe. Eu estava pronta para seguir em frente...


Deixei Postwick em silêncio, sem que ninguém soubesse da minha saída. Quanto menos pessoas soubesse sobre mim, menos pressão eu teria, acredito.  A atenção estava toda voltada para Hop, e isso me aliviava de alguma forma.


O caminho para Wedgehurst era familiar para mim, eu o havia percorrido inúmeras vezes a caminho da escola. Eu sabia que chegaria antes do entardecer, mas não estava com pressa. Eu queria apreciar a beleza da natureza e finalmente cair na realidade de que estava iniciando minha jornada como uma treinadora profissional.


A caminhada foi tranquila e pacífica. 


Com canto de pássaros e o som das folhas e vento. Aproveitei o momento, absorvendo a natureza que me rodeava e sentindo uma sensação de calma interior.


Enquanto caminhava, comecei a pensar nos desafios que me esperavam pela frente. Havia tanto a aprender e a descobrir. Sabia que tinha que ser responsável durante a minha caminhada, mas era muito mais fácil pensar na teoria do que na prática...


Quando dei por mim, já havia chegado cidade em questão de meia hora. 



Eu nunca parei para falar sobre Wedgehurst. 


Mas a verdade era que não tinha muito o que falar sobre. Ela era uma cidade muito maior a Postwick, o que sendo sincera não era muito difícil. Era sem dúvidas alguma uma cidade muito bonita apesar casas simples feitas de pedra.


A praça principal dava espaço a várias lojas de fruta e roupas. 


A minha escola ficava relativamente um pouco mais afastada do centro da cidade, sendo o lado oposto do que levava ao laboratório da cidade, curiosamente o laboratório mias conhecida do país graças a lendária professora Magnólia e seu estudo de Dynamax. 


Precisava no momento parar no centro Pokémon, tinha algumas a serem feitas. Ao adentrar o centro Pokémon da cidade, uma onda de lembranças de minha época como Youngster invadiu meu pensamento. 


Agora como treinadora, a sensação era completamente diferente, mais madura e envolvente. 


Observei ao redor com detalhe, pude notar a grandiosidade do local, com amplas instalações que incluíam uma cafetaria e uma loja separada para a compra de itens, além de uma escadaria que levaria para primeiro andar destinado aos quartos.



Estava relativamente vazio, me dirigi à bancada com ideia de reservar um quarto no andar de cima.  


Uma mulher de roupas de enfermeira e com belos olhos azulados me atendeu com um sorriso convidativo no rosto. 


— Seja muito bem-vinda ao Centro Pokémon de Wedgehurst. -  arrumou gentilmente o seu hijab. – Em que lhe posso ajudar? 


— Boa Tarde. – falei. – Gostaria de me cadastrar ao sistema de cura gratuita, hospedagem e PCs do Centro Pokémon.


— Então deve ser uma treinadora professional, certo? – confirmei com a cabeça e começou a teclar em um computador que eu não conseguia ver pelo tamanho alto da bancada. Ele pediu meu nome completo, idade e ID, tive sorte que Leon havia me passado o ID por mensagem.  - Como deve saber todo o Centro Pokémon do país cura os seus Pokémon de forma gratuita. No mais, o sistema de hospedagem para treinadores e PC’s são diferentes e exigem algum tipo de pagamento, então possuímos os mais diversos planos para que seja acessível para todos os tipos de treinadores.


— Tenho que pagar por um quarto?  - perguntei indignada. 

— Sim, a hospedagem não está inclusa no valor da inscrição no programa de treinador professional. No entanto, há opções de quartos compartilhados gratuitos disponíveis, mas tenha em mente que você terá que dividi-lo com outros treinadores. Se quiser manter sua privacidade, é recomendável pagar por um quarto individual.


Eu não queria arriscar compartilhar um quarto, ainda mais com o tanto de histórias contadas envolvendo roubos de Pokémon e itens valiosos durante a noite. Não queria correr o risco de ter meus pertences levados, e sabia que o centro não se responsabilizaria por tais ocorrências.


Escolhi um quarto único, barato e que ficaria só uma noite. 


— Quanto à assinatura de armazenamento de PCs? – continuou com o processo. 


Olhei para o computador ao lado, cinza com alguns detalhes em vermelho e com um Rotom branco destacado em seu topo.  A tela azul clara piscava forte para os olhos. Ao lado do computador existia uma espécie de quadro que explicava com desenhos como funcionava o sistema de PCs.  


Pedi um pagamento mensal com um apenas uma box, que era um mínimo que poderia pedir. Eu não tinha em mente em capturar diversos Pokémon como outros tipo treinadores, e mesmo se capturasse teria como ideia libertá-los para a natureza mais tarde e não confinados em um computador. 


— Ah, como uma treinadora iniciante, talvez você possa se beneficiar de um pequeno curso extra que oferecemos aqui. – aquilo meio que me despertou curiosidade. -  Ele consiste em até vinte aulas, que irão ajudá-la a cuidar adequadamente de seus Pokémon durante sua jornada, além de fornecer informações úteis sobre pronto-socorro em emergências, caso você esteja em uma área onde não há um centro veterinário próximo.


Embora a oferta fosse tentadora, recusei educadamente. 


Meu principal objetivo era chegar a Motostoke o mais rápido possível, e não queria me distrair com outras tarefas. Além disso, eu sabia o básico do básico graças as aulas na escola, sabia como usar poções e aquilo no momento era o suficiente.


— Ok... Acho que está tudo, em que mais lhe posso ajudar? – falou a enfermeira com sorriso. – Certo, espero que aproveite a estadia no Centro. 


Agradeci por tudo e fui em direção ao PC, ao fazer um login na minha conta pela primeira vez, uma mensagem com um e-mail desconhecido apareceu logo de imediato com um gif fofo de uma ovelha girando.


“Eu sabia que você ia começar a sua jornada!  

Iniciado no mesmo dia? Um ou dois depois?

Te conheço bem, ninguém pode negar.

Desejo sorte em seu caminhar,

E em Motostoke iremos nos encontrar.


PS: Isso ficou muito melhor na minha cabeça. Não foi proposital a rima, eu JURO. Ah, não se esqueça de passar pelo laboratório da Doutora Magnólia, tenho outra supressa para você! “


Claro... Só poderia ser ele.

Veio-me uma crise de riso, talvez ele não contasse eu demoraria uma semana para iniciar, mas que ele me conhecia isso era verdade... 


Antes de passar pelo centro de pesquisa, foi comprar o meu bilhete de viagem direto para Motostoke, a fim de evitar mais atrasos, se tudo corresse bem amanhã já estaria pela primeira vez na cidade engrenagem. 


O centro de pesquisa de Wedgehurst ficava muito mais afastado da cidade, levando ao completo oposto da cidade, era um prédio antigo, mas muito bem cuidado com plantas e flores bem punhadas. 


Ao entrar, senti um certo receio de encontrar uma multidão de cientistas trajando jalecos brancos, cercados por uma infinidade de computadores, tubos e o constante som de digitação. 


Entretanto, minha expectativa foi completamente desmentida quando me deparei com uma entrada singela, uma sala branca adornada com flores coloridas, com alguns bancos para espera e uma porta de ferro logo a frente.


Um homem veio ao meu encontro, perguntando o que eu estava a fazer a ali, se trabalhava ou se possuía alguma reunião e me vi gaguejar por alguns segundos pela o tanto de perguntas que ela fez de uma só vez. 


— Ela é uma amiga minha, Alfred.  – a voz de uma garota ecoou pelo salão. – Não precisa se preocupar.


Ela era linda. 


Ruiva e alta e muito bem-vestida, com perfume suave a hortelã, a garota sorriu ao me ver.


Créditos ao Artista, Gloss


— Acho que não precisa me pedir a mim o meu ID, certo?  - o homem ficou meio sem jeito e deu espaço para que pudéssemos entrar em uma porta. 


 Seu cabelo ruivo cenoura estava preso em um rabo de cavalo longo e sedoso, e ela usava óculos de sol com lentes alaranjadas que ocasionalmente caíam, obrigando-a a ajustá-los. Estava um pouco mais fresco naquela tarde, o que explicava o motivo dela estar com um longo sobretudo acastanhado que lhe caia muito bem.


Entramos rapidamente num pequeno corredor. 


— Você deve ser a garota que Hop estava falando, Gloria, certo?  - ela falou com certo carinho e relaxamento na voz. - Ele nos disse que viria... 

— Sim, sim... – disse, rápido. – Acho que cheguei à festa um pouco atrasada. 

— É... só pouco eu diria. – ela riu. – Desculpe pela maneira como Alfred a intimidou, os últimos meses estão sendo um pouco duros para a gente. O laboratório tem sofrido vazamento de informações então... meio a segurança tem que se tornado mais e mais reforçada. E semana passada foi um autêntico caos. 


Não sabia o que dizer, tinha me focado tanto na jornada que eu não havia lido sequer as notícias que estavam passando.


— Ah, meu nome é Sónia. – apresentou-se. - Sou neta da professora Magnólia, eu sei que você é bem boa como treinadora. Vi a final do torneio, sabia? Tem talento, isso explica por que foi escolhida pelo Leon...

— Muito obrigada... – senti as minhas bochechas corarem com o elogio. – Conhece o campeão? Espera...


Minha cabeça explodiu. 

Só agora que tinha me ligado e feito as conexões, me lembrava lembrar vagamente do campeão mencionar o nome Sonia durante uma conversa com Hop. Agora eu entendia que era dela que ele estava falando. 

— Você é a Sonia! O campeão falou de você!

— Falou?!  


Ela ficou imediatamente vermelha e tapou parte do rosto com o seu cabelo, afagando por alguns segundos. 


A porta abriu-se mais uma vez, revelando finalmente o verdadeiro laboratório. Este sim atendendo minhas expectativas. Havia estantes enormes, repletas de milhares e milhares de livros de capa dura, e várias secretárias espalhadas pelo ambiente. A sensação de estar cercada por tanto conhecimento e sabedoria me deixou extasiada.


— O Hop meio que me disse para vir para cá, mas eu não sei bem o motivo...– fui direto ao ponto. – ele disse que tinha por aqui uma supressa ou algo do gênero. 

— Ah, ele decidiu ser meio misterioso certo?  


Subimos para o primeiro andar, um rapaz que parecia ter a mesma idade que eu cabelos negros e olhos azuis chamativos, ele se envergonhou todo quando nos viu subir e foi rumo a outra sala, passando rápido por nós.


— Boa Tarde, S-sonia... – disse apressado.

— Boa Tarde, Élio.


Caminhamos em direção a uma sala separada das demais, até a sua porta era diferente. Sonia bateu cuidadosamente na porta e uma voz deu autorização para que ela entrasse. Ao entrar na sala, fui imediatamente tomada pelo ambiente aconchegante e acolhedor.


 A secretária, rodeada por livros e plantas, parecia em perfeita sintonia com o espaço ao seu redor. A mesa principal era impressionante, com uma imensa quantidade de documentos e papéis organizados com precisão e uma cadeira de couro que parecia incrivelmente confortável.


A senhora que estava sentada à mesa, escrevendo com cuidado em seu computador, levantou o olhar quando entramos. 


Ela parecia muito ocupada, mas ao mesmo tempo muito amigável. 


Seus cabelos grisalhos que caíam em cachos sobre os ombros e uma expressão serena em seu rosto. 


Era a lendária Professora Magnólia.


Créditos ao Artista

Talvez você já a conhecesse pela história em como ela era principal responsável pela pesquisa do fenômeno Dynamax, mas Magnólia tinha muitos outros feitos que também eram tão louváveis quanto.  Como ter tornado a ciência mais acessível para todos no país, tornando algo tão complexo em algo didático e de fácil entendimento, ou de como ela foi capaz de abrir ainda mais portas para mulheres entrarem no mundo científico, mesmo com todas as barreiras que existiam na sua época. Ou até mesmo das brigas que ela teve com a Liga e o Governo dando mais direitos aos treinadores.


Não era à toa que ela era a cientista mais conhecida do país e a cara da ciência no país.


Foi ela inclusive que me deu Axel, seria eternamente grata por isso. Ah, sem contar que ela já havia sido semifinalista uma vez.


Dois Yampers correram para cima de mim, procurando por atenção, não consegui resistir a não dar carinho para dois. Abaixei logo em seguida em sinal de respeito, mas a professora apenas riu.


— Nana, chegou a amiga do Hop... A Gloria. -  Sonia se aproximou com um sorriso.

—Gloria? Claro que eu conheço... – ela falou com uma voz suave. - A quanto tempo garota... Como tem andado? Lembro tão bem da sua carinha, como poderia esquecer? A maneira como pegou o Sobble...


Fiquei emocionada com o fato de ela se lembrar de mim, mas não consegui esconder a pequeno risinho com o pequeno erro do inicial. 

— Boa tarde Doutora. – Tentei ser a mais educada possível. – Tenho indo bem, muito obrigada pela preocupação, Doutora. Quanto ao Sobble... Bem... Eu não peguei o Sobble, mas sim o Scorbunny. – acabei rindo. 


Sonia caminhou até certo canto do cômodo e encheu um xicara de chá, enquanto parecia por alguns segundos prestar atenção nos medicamentos que estavam na pequena bancada.


— Oh meu Arceus, claro. Acho que minha máquina cerebral já não funciona tão bem como antigamente. – ela disse levando a mão a cabeça e rindo junto comigo. - Quanto a jornada, por essas alturas já não devia estar em Motostoke?

— Sim, acabei por me atrasar demais. – respondi. - Tanto que teoricamente hoje é o meu primeiro dia de jornada.


As duas ficaram supressas. 


— Sério? –  disse Sonia voltando com calma para próxima de sua avó, oferecendo o chá. –   Quer dizer, ainda falta mais ou menos uma semana para a abertura, mas normalmente os treinadores chegam lá com uma semana de antecedência por causa dos hotéis ficam praticamente todos cheios por causa do Turismo. Eu vou dar uma passada rápida Motostoke daqui dois dias, vai querer carona? 


Eu não poderia aceitar, por mias que quisesse, não queria ser peso para ninguém, muito menos para alguém como Sonia e a Professora que tinha coisas muito mais importantes para fazer do que simplesmente darem carona por aí. 


— Muito Obrigada pela oferta, Sonia. – disse. –  Mas vou ter que recusar, anates de vir mesmo comprei o bilhete de trem. 


Ela ficou levemente triste, mas logo essa tristeza passou quando pareceu se lembrar de algo, colocando a mão em umas gavetas da secretaria.

 

— Quando lhe disse do caos da semana passada era disso que estávamos falando. 



A ruiva me mostrou uma pulseira desportiva branca com detalhes em azul e vermelho, com algo no seu centro, que brilhava em tons magenta dependendo do ângulo, junto do que parecia ser uma Great Ball. Eu não poderia acreditar no que via com os meus próprios olhos. –  Um Wishing Star enorme caiu perto da cidade, e meio que Hop nos ajudou bastante com um pequeno problema que tivemos. A Nana achou mais do que justo oferecer uma Dynamax Band para ele, mas ele disse que só aceitaria se fosse possível criar duas... 


Apenas os melhores dos melhores tinham acesso a uma mecânica tão poderosa, e mesmo dentro desse seleto grupo, o recurso era raro. Era um sinal de status, um distintivo de honra que poucos poderiam ostentar.


Os líderes de ginásio eram os mais privilegiados, pois possuíam o conhecimento e a habilidade necessária para usar a mecânica de forma eficaz. Mas, em raras ocasiões, um treinador promissor recebia a pulseira, como uma indicação de que havia um grande futuro pela frente.


Será que eu tinha o que era preciso para explorar todo o seu potencial? Nas mãos erradas, Dynamax era mais um peso do que realmente uma vantagem em batalha... Sem contar que andar com objeto tão valioso poderia me causar várias dores de cabeça. 


— Eu-eu não posso aceitar. – falei, completamente competida.  - Uma Dynamax Band é algo muito precioso, não sou digna. E uma Great Ball? Elas são carrisimas..

— O Hop sabia que diria uma coisa dessas e, cá entre nós acho que ficaria muito bem com você.  – Sonia piscou. 

— Eu... não sei o que dizer. – continuei. 


— Apenas aceite, querida. – Magnólia segurou na pulseira com delicadeza de sua neta.  – Eu sabia no exato momento lhe ofereci o inicial que você será uma ótima treinadora. 


Fiquei sem palavras diante da generosidade de Magnólia e Sonia. Ela me estendeu a pulseira com a pedra preciosa em suas mãos delicadas, e eu a peguei com cuidado, admirando o brilho suave que irradiava dela logo após da esfera bicolor com detalhes avermelhados. 


As palavras que a professora me deixou completamente sem ar.


 Ela havia confiado em mim desde o começo, desde o momento em que escolhi meu inicial. E isso era uma honra inestimável para mim.


Senti um calor suave se espalhar por meu peito, um misto de gratidão e felicidade. Ainda não sabia se era merecedora daquela honra, mas prometi a mim mesma que faria o meu melhor para corresponder às expectativas de ambas e principalmente a Hop, não o deixaria ficar mal.

— Existe uma chama que arde dentro de certas pessoas, minha querida. É como se fosse uma luz que ilumina o caminho delas e das pessoas ao seu redor. Você tem esse fogo dentro de si, eu posso sentir isso. Considere isso apenas um gesto gentil de uma professora para uma promissora treinadora. – ela continuou, me dando um sorriso amável.


— Muito, muito obrigada. – eu não sabia como agradecer.


— Hop estava certo quando disse que você seria uma ótima escolha. Espero que a gente se veja mais vezes. –  ela disse, seus olhos brilhando com admiração. – Espero que possamos nos encontrar mais vezes durante a sua jornada.


Senti meu rosto esquentar com suas palavras elogiosas, eu sequer havia feito uma batalha oficial sequer e pessoas como Magnólia já estavam colocando toda essa confiança em mim...


— Significa muito ouvir isso vindo de alguém como vocês... – respondi, tentando parecer segura.


Ela deu uma risadinha suave, como se soubesse que eu estava um pouco nervosa.


— Você é tudo, garota. Quem sabe desta vez não tenhamos uma Campeã este ano? – completou, me dando uma tapinha no ombro antes de se afastar.


A Doutora sorriu e concordou com a cabeça: 


— Estaremos torcendo para vocês os dois...


{ 2 Comentários... leia-os abaixo ou comente }

  1. E assim Gloria começa sua jornada! Sonia, minha linda, que otima introdução para uma das minhas personagens favoritas de Galar. Neste Capitulo devo começar por elogiar a criatividade e cuidado dado nas palavras, a forma como Gloria fez os preparativos para a jornada e como todos os passos foram bem explicados. Estou impressionada com esses detalhes!

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    1. Oi Shi!

      Como é bom ver você em todos os capítulos, você nem sabe o quanto isso me dá ainda mais força e animo para escrever, saber que tem alguém do outro lado da tela lendo minhas ideias.

      Eu adoro a Sonia e apesar da introdução dela ter sido bem pequena no capítulo de hoje, ela tem um foco grande na história ao longo do tempo, prometo que lhe irei entregar um arco interessante e um bom desenvolvimento de personagem.

      Obrigado mais uma vez, pelos elogios. A verdade é que me inspiro bastante no escritor de Kalos, o Napo, acho que ele tem de longe o melhor world building, pelo menos para algo mais realista, pois existem diversos tipos de construção de mundo, algo mais ludico, algo mais parecido com os jogos ou anime.

      Acho importante adicionar esses pontinhos aqui e ali para mostrar, como ser um treinador não é simplesmente pegar numa mochila e seguir rumo a estrada. Ele deve ser responsavel (foco nessa palavra) e saber muito bem o que está fazendo, a fim de evitar problemas futuros.


      De novo, obrigado pelo comentário e vejo você na proxima!

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