domingo, 5 de março de 2023


Conseguir arrancar uma entrevista com o bilionário Rose era, talvez, a tarefa que muitos consideravam impossível, perdendo somente para o Campeão.


PRÓLOGO
JOANNE


Estamos nos referindo a um dos homens mais influentes de Galar, envolvido em vários projetos inovadores e com uma agenda repleta de compromissos que exigem sua constante atenção.


A simples ideia de dedicar seu precioso tempo a uma entrevista para um canal de fofocas parece absurda. Afinal, Rose é conhecido por sua aversão à mídia sensacionalista e é extremamente criterioso quando se trata de selecionar os veículos de comunicação com os quais se decide envolver, incluindo sua própria equipe de mídia.


Foram necessários mais de um ano para que minha equipe conseguisse obter seu número de contato e mais alguns meses para finalmente marcar o fatídico dia da entrevista, a ser realizada em nosso estúdio em Bel Air, Wyndon.


Com um movimento sutil, ajeito meus cabelos loiros para o lado e mantenho minhas pernas cruzadas enquanto ouço atentamente o bilionário falar com entusiasmo sobre seus projetos. Após elogiar minha última pergunta, ele continua a descrever suas ideias revolucionárias, cativando tanto a mim quanto ao público dentro do Talk Show.


O terno acinzentado de tecido fino, combinado com botões de metal e uma gravata vinho de alta qualidade, demonstram um cuidado refinado com a aparência. O brilho do relógio no pulso chama a atenção e reflete as luzes do estúdio.


Sinto a responsabilidade de conduzir a entrevista com maestria. Estou ciente de que esta é uma oportunidade única de explorar a sua psique brilhante e fornecer aos nossos espectadores informações valiosas sobre este homem visionário:


— Galar sempre se mostrou um lugar perfeito para sediar a World Coronation.  – Seus olhos esverdeados-oliva encontram os meus enquanto ele fala, gesticulando com as mãos para enfatizar seu ponto de vista.


A maneira articulada e persuasiva de Rose é fascinante e envolvente.


— Realmente, temos uma história rica em batalhas e um amor incondicional pelo esporte, mas há sempre aquele país rival que tenta ofuscar nossa luz, não é mesmo? — digo em tom brincalhão, com um sorriso nos lábios.


Rose ri junto do público e se ajeita na poltrona de couro onde ele está sentado.


— Nós não vamos deixar isso acontecer. – ele disse. – Queremos mostrar ao mundo o que Galar tem de melhor a oferecer. Temos uma cultura diversa rica que merece ser celebrada, treinadores talentosos e uma infraestrutura esportiva invejável. Fizemos tudo o que estava em nosso poder para trazer a World Coronation para casa.


— Claro, sem contar que o chá das cinco pode ser uma ótima opção de intervalo para os jogadores – ponderei.


— Quem sabe até possamos oferecer um chá especial de campeão para os vencedores?

— Acho que falo por todos quando digo que ficamos felizes em ouvir isso, Rose. – finalizo.


O som alegre de gargalhadas ecoou pelo estúdio, enchendo o ambiente com uma energia contagiante. Rose sorriu, claramente satisfeito com a reação, enquanto o público se recuperava do momento de descontração e voltava a ouvir-nos atentamente:


– Como o senhor acredita que a Coroação afetará a economia do país?


A pausa dramática antes de sua resposta só aumenta a tensão na sala, deixando todos à beira de seus assentos.


Olhando para o horizonte como se estivesse prevendo o futuro, ele responde:


— Bem, a Coroação trará uma injeção massiva de dinheiro em nossa economia, desde o turismo até o comércio local. – diz ele finalmente, em tom solene. – Nossos negócios florescerão, adiantaremos nossa crise de energia iminente  e nossos cidadãos terão mais oportunidades de emprego. Mas mais importante que isso, é a sensação de unidade e orgulho que a Coroação pode trazer ao nosso país. Veremos uma explosão de patriotismo, uma verdadeira celebração do que é ser Galariano. E isso, meus amigos, não tem preço.


O som de palmas ritmadas e animadas enche o ar. A atmosfera é eletrizante, como se todos soubessem que estão prestes a testemunhar algo histórico. Observo a plateia com admiração, maravilhada com a forma como Rose é capaz de controlar sua atenção.


Seu rosto confiante e voz calma são como um ímã, capturando a atenção de todos. Enquanto o público se acalma, finalmente sou capaz de me aperceber do que foi dito.


Sinto um arrepio percorrer minha espinha.


— Espera, o que disse? – pergunto, confusa.


Os olhares curiosos do público se voltam para mim. Eu me sinto um pouco envergonhada por ter perdido o fio da conversa, mas não posso permitir que a entrevista perca o rumo.


A expressão de Rose muda, seus olhos fixos em mim, como se soubesse que eu estava prestes a fazer uma pergunta que desafiaria suas palavras. Eu podia sentir a tensão no ar, como uma espécie de eletricidade que percorria a sala, deixando todos em silêncio.


— Poderia repetir o que disse, por favor, Rose? – peço, tentando manter a compostura. – Uma crise de energia iminente?


— Sim, infelizmente, é uma realidade que estamos enfrentando. A demanda por energia no país tem crescido exponencialmente nos últimos anos, enquanto nossas fontes de energia são cada vez mais escassas.


O ar fica mais pesado depois de suas palavras. O público murmura, parecendo consternado com a possibilidade de um futuro incerto. Como entrevistadora, não posso deixar que o pessimismo se espalhe pela conversa. Preciso encontrar um ponto de luz no meio da escuridão.


— Nossa, é melhor eu começar a economizar a energia do meu micro-ondas , então – digo, fazendo uma pausa para um sorriso. Mas a expressão séria de Rose me faz perceber que não é hora para piadas.


— O risco de uma crise energética é real e preocupante. A Coroação, no entanto, trará investimentos em infraestrutura e tecnologia que podem ajudar a evitar ou adiar esse cenário sombrio.


— Que tipo de problemas iríamos enfrentar? – disse. – Já passamos por crises semelhantes, como a do carvão, alguns anos atrás, não?  No final, sempre conseguimos superar.


Rose olhou-me com uma expressão de compaixão. Senti um frio na espinha. Sabia que a resposta não seria boa.


— Sim, é verdade, mas olhe ao seu redor, Joanne. Dependemos da Partículas Macro para tudo. Para a economia, transporte, produção de energia e até mesmo dentro dos estádios, setores que o carvão jamais atingiu. Não temos alternativas viáveis para substituí-lo em curto prazo.


A resposta de Rose foi como uma bomba explodindo no meio do estúdio.


— Então, o que podemos fazer? – pergunto, com a voz falhando.


O magnata suspirou, parecendo cansado. Ele parecia ser alguém que carregava nas costas a responsabilidade de todo um país.


— Estamos em uma busca intensa por outras fontes de energia renováveis capazes de suprir a demanda cada vez maior do nosso país. Formas de produzir energia que sejam mais sustentáveis e menos dependentes...


— E encontraram alguma até o momento? - indaguei com uma ponta de esperança na voz.


A expressão no rosto de Rose foi a resposta que precisava. O desânimo era evidente em seus olhos, e pude sentir a tensão que se espalhava na sala. Era como se o peso da responsabilidade tivesse caído sobre mim também. Como se o futuro de um país inteiro estivesse em minhas mãos.


— Se não encontrarmos uma solução o mais depressa possível, Galar cairá. E não existirá volta... – disse, com a voz grave e séria. 


Senti as pernas fraquejarem e tive que me apoiar na cadeira para não cair. Era como se estivesse no meio de uma tempestade, sem saber para onde me virar. Sabia que tinha que manter a calma, porém a perspectiva de um futuro sem energia é apavorante.


Sem saber o que dizer, virei-me para a câmera, tremendo. Queria desesperadamente dizer algo que pudesse mudar tudo aquilo, mas não conseguia encontrar as palavras certas.


— Acho que é tempo para uma pequena pausa...


Disse, anunciando ao público. Era tudo o que podia fazer para me manter firme.



{ 12 Comentários... leia-os abaixo ou comente }

  1. Entrevistas são sempre muito complicadas de escrever, por isso eu digo: Este Prologo ficou fantástico! Eu sabia que escrevias mesmo bem, e conseguiste deixar este inicio de Neo Galar bem refrescante! Espero que agora consigas seguir o caminho certo com a fanfic! Que venha os próximos Capítulos!

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    1. Olá Shii!

      Agradeço muito pelas suas palavras gentis e encorajadoras. Significa muito para mim saber que gostou do prólogo de Neo Galar e que acha que possa ser caminho certo com minha fanfic.

      Realmente, escrever entrevistas pode ser um desafio, ainda mais para um roteiro em que usa a história base dos Jogos Pokemon Sword And Shield, se jogou sabe que a motivação do Rose apesar de nobre não faz os melhores dos sentidos ainda mais quando começa a analisar de forma mais realista.

      Foi um enorme problema em que precisei de ajuda inclusive do escritor de Kalos e Johto da Neo para poder achar algo que fizesse sentido e de forma coerente.

      Agradeço mais uma vez pelo seu apoio e incentivo. Com certeza, continuarei trabalhando com empenho e dedicação nos próximos capítulos de Neo Galar, esperando corresponder às suas expectativas e oferecer uma leitura cativante e emocionante.

      Grande abraço!

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  2. Yooo Welfie

    Acho incrível como as vezes eu largo de lado meu preconceito com prólogos pra admirar o que as pessoas são capazes de fazer. E dentro todas as opções, uma entrevista é o que mais me surpreendeu
    O mais interessante aqui é o POV. Achei interessante como você usou de um personagem que pode ou não ter importância no futuro apresentando um dos personagens mais icônicos dessa região. O mais interessante é que assim a gente pode ver um Rose a partir dos olhos de outros personagens além de um narrador que não forma opinião. É como se eu pudesse encarar o Rose cara a cara e sentir um medo/admiração
    Bom, eu conheço o plot de Galar, mas estou ansioso pra saber como vc vai lidar com o desenvolvimento
    Belo prólogo, Welfie, te desejo sorte nessa nova jornada <3

    See ya

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    1. Oi Star!!

      Agradeço por ter largado seu pequeno "preconceito" com prólogos e apreciar o meu trabalho. É muito bom saber que minha escolha de entrevista como formato do prólogo foi bem recebida e surpreendeu positivamente.

      O ponto de vista escolhido realmente me permitiu apresentar Rose de uma forma diferente e era isso que eu quis trazer. Bem, você ter notado algumas referencias a Joker (2019) aqui e ali e à nova série da HBO de The Last of Us (2023).

      Sobre o desenvolvimento do enredo, eu quero dar uma abordagem diferente e trazer uns twists inesperados, saca? A ideia é deixar todo mundo grudado na tela do celular/computador enquanto lê, haha.

      Mais uma vez, agradeço muito pelo seu comentário e por seu apoio.

      Até mais!

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  3. Hello Welfie, Coitada da repórter, mal sabe ela que Rose é um fatalista falando de um evento que vai acontecer daqui mil anos @.@

    Curti o prólogo mostrando um pouco do ponto de vista do milionário Rose.

    Até a próxima Welfo!

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    1. Oi Anão!

      Realmente, Joanne se deu mal em lhe largaram uma bomba dessas no colo. Imagina você, fazendo piadas aqui e ali, e do nada te dizem que o país vai acabar.

      Fico contente que tenha gostado do prólogo.

      Muito Obrigado pelo seu comentário e vejo você no próximo!

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  4. Eu li esse capítulo tantas vezes, na pré-produção e na revisão e não me canso de sentir essa sensação de pesar no ar com as palavras do Rose a respeito da crise de energia iminente em Galar e como a Joanne tenta ser irreverente por que ela tem que manter a pose em rede nacional e brincar, mesmo quando ela se sente tremendamente assustada.
    O jeito que a entrevista flui é tão gostosinho, você se sente imerso como se estivesse assistindo pela televisão ou se estivesse na plateia já que esse tipo de programas costumam ter um público assistindo ao vivo nos estúdios. Se eu como leitor me sinto assim imagina quem vive em Galar e como isso pode estar em tabloides, portais de notícia e de fofoca.
    Realmente, para um começo de história e com o plot que temos dos jogos de Sword and Shield está excelente, pois já introduz aos leitores o que poderá vir futuramente.
    Enfim, acho que é isso, até o próximo capítulo

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    1. Oii Leucro!

      Tanto você quanto Napo sabem o quanto é difícil dar alguma lógica à história confusa e, para ser sincero, mal escrita do Rose nos jogos Sword & Shield, estamos tentando aos poucos dar algum sentido a ssa lore.

      Eu realmente fico contente pelo prólogo fluir tão bem na vossa visão, hoje, melhoraria algumas coisas aqui e ali, mas estou feliz com o resultado num geral.

      Você sabe, hoje em dia os jornais, tabloides, etc querem dar esse lado relexado e trazer o lado positivo das noticiais, com piadas e tentando amenizar as coisas. É só ver na época da pandemia, onde no começo todo o mundo pensava que era uma piada e os primeiros meses foram enchidos de memes, então meio que quis passar isso com a Joanne.

      O começo é justamente esse, deixar o leitor tenso ao saber que a coisa é séria, ou não... E veremos as consequencias ao longo dos livros.

      Muito Obrigado pelas suas revisões e opiniões e constante ajuda na criação dessa história. Sem suas ideias e opiniões não estaria aqui, e agradeço também pelo tempo que teve para comentar, de coração mesmo.

      Um abraço!

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  5. Fala Welfie! Que bom que voltou à intensa correria da escrita!

    Depois de ter me mostrado aquele filé que foi o capítulo da Nessa, você não achou que eu não apareceria por aqui né? Agora a curiosidade bateu forte kkkkkkkkkk

    Interessante que o prólogo veio com uma perspectiva diferente do que eu imaginava. Já começar a história tendo um foco no Rose e fazendo um alerta de uma situação de grande dificuldade que vem por aí é uma ótima forma de introduzir o contexto onde os protagonistas serão encaixados. Acho que daqui a gente tem um ponto de partida para já entender algumas coisas que vão ser mencionadas em breve sem que elas precisem de uma explicação mais elaborada.

    Adorei o prólogo. A sua escrita aqui não perde nada em qualidade do que você já tinha me mostrado na batalha da Nessa, o que é um ótimo sinal do cuidado e carinho que você está tendo com a história. Agora estou curioso pra acompanhar.

    Até a próxima! õ/

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    1. Oi ShadZ!

      Como vai?! É bom ver você por aqui, de verdade.

      Gostou daquele pedacinho lá com a Nessa? Olha, escrever aquilo foi realmente um desafio e foi o que me motivou a querer chegar pelo menos a esse arco.

      Fico feliz em saber que você gostou do prólogo e que a história despertou sua curiosidade. É muito importante para mim como escritor ter feedback de vocês, e saber que a minha escrita está sendo bem recebida, é muito motivador.

      Sim, o prólogo foi uma forma de apresentar o contexto da história e preparar o leitor para o que está por vir, que cá em entre nós, a história dos jogos é um pouco "cansada". Pretendo explorar mais o personagem Rose ao longo da trama, aos pouquinhos e pouquinhos, sem muita presa para vos entregar da melhor maneira o roteiro que tenho em mente.

      Muito obrigado pelos elógios cara, de verdade, não sabe como fico sem jeito e me motiva a querer continuar.

      Um abraço!



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  6. Oiii, Welfie

    E vamos de prólogo. Foi uma boa sacada um prólogo com uma entrevista.
    Já nos deu um problema que vai circundar a história num geral, além de dar foco nas batalhas que são tão importantes em Galar.
    Mas é isso, até o próximo capítulo, Welfie!

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    1. E aí Alefu!

      Não esperava ver você por aqui tão cedo para ser sincero! Mas fico feliz que tenha embarcado nessa jornada. Eu já disse aqui e no grupo diversas vezes que eu não achava que o pessoal fosse gostar tanto dessa ideia do prólogo começar como entrevista.

      Você devia ter visto a forma em como estavamos quebrando a cabeça para tornar o plot do Rose mais coerente e realista, vamos ver como vai ficar no resultado final.

      Obrigado pelo comentário, Alefu! Um Abraço e vejo você no próximo!

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